1941-1950

12 de julho de 1941- festejos por ocasião da visita do Presidente Carmona

Outubro de 1941- grande festival náutico

setembro a novembro de 1941 – realização de escola de patinagem 

1944 – conclusão da construção do porto artificial de Ponta Delgada

agosto a outubro de 1944 – curso de remo por José de Serpa e Melo Brandão 

Em 19 de Outubro de 1941 a imprensa noticia «que perante grande assistência em que predominava o elemento feminino, que por completo enchia a sede, o Dr. Ernesto Tomé proferira a sua anunciada conferência sobre remo e ginástica».

Em Julho de 1941, o comandante Barahona e Costa deixa a direção do Clube, por ter sido colocado no Funchal e, em Assembleia Geral efetuada no dia 16 do mesmo mês, é nomeado sócio de mérito, por proposta do Vice Presidente, Dr. Álvaro Barreiro Pais de Ataíde, que ao usar a palavra salientou «a profunda transformação ocorrida no Clube Naval em todos os aspetos, fora do que era suscetível de praticar‑se em qualquer meio pequeno como o nosso e em organizações desportivas similares, pelo que a obra levada a cabo excedeu todas as expectativas em tudo quanto a nossa imaginação poderia fantasiar». E, afirmava mesmo que «as nossas instalações honravam sobremaneira o Clube Naval e a nossa Terra».

Nesta mesma Assembleia Geral foi oferecida por um admirador do homenageado a “Taça Comandante Barahona e Costa”, tendo ficado exarado em ata que o referido trofeu, sempre que fosse disputado, ficaria propriedade exclusiva do Clube Naval, entregando‑se ao vencedor da prova um outro prémio a designar, pelo que esta resolução da Assembleia Geral foi tomada como homenagem perene devida àquele oficial, pelos valiosos serviços prestados ao Clube.

Na Assembleia Geral de 17 de Fevereiro de 1943 foram lidos os relatórios das secções de Vela, Remo e Natação, pelos respetivos chefes, Comandante António Ferreira de Oliveira, Armando Reis Sousa Rocha, 2º­ tenente aviador Carlos dos Santos Nogueira. Foi esclarecido que a secção de Remo esteve inicialmente entregue à reconhecida competência do Dr. Ernesto Tomé. De acordo com o presidente da Direção «os relatórios continham matéria deveras interessante e, além das sugestões que apresentavam e que revelavam a assiduidade dos sócios aos treinos e o gosto pelos desportos náuticos, estavam muito aquém das possibilidades de cada um, podendo concluir‑se mesmo que pouco se tinham aplicado».

Concluída esta fase de instalação e expansão do “novo” Clube Naval de Ponta Delgada, as suas atividades prosseguiram, é certo, com altos e baixos, mas sempre com o apoio de jovens sócios e praticantes que dinamizaram as suas diferentes secções, nomeadamente a vela, o remo e a natação, sempre sob o olhar atento e a proteção das sucessivas direções, quase sempre presididas por oficiais da Marinha de Guerra, em funções no Porto de Ponta Delgada e, entre 2/3/1944 a 6/5/1946, pelo comandante Henrique Pinto da Costa Pessoa, da Aviação Naval, a quem se ficou a dever a realização dos primeiros cursos de instrução de monitores/treinadores de remo por um técnico vindo propositadamente de Lisboa a fim do Clube poder concorrer a campeonatos ou regatas inter‑clubes.

«Quando queríamos fazer um festival diferente, sem ser só com os caiaques, que as pessoas já estavam habituadas a ver, convidavam-se os baleeiros das Capelas. (…) Sabe como é que eles vinham das Capelas para Ponta Delgada? A remos. E aquela gente a remar era como se fosse uma máquina, com uma coordenação impressionante, (…) uma resistência física fabulosa. Quando eram as regatas, a gente então fazia uma festa, (…) eles vinham das Capelas, o lugar de partida era em frente do areal de São Roque, e eles eram os mais rápidos. Depois da regata, era a festa. Enchia-se a doca quando as pessoas sabiam que vinham os baleeiros de São Roque.»

Aurélio César

A vinda desse instrutor de remo foi considerada na reunião de 26/3/1944, e a escolha feita pelo eng.º Augusto Cavaco recaiu na pessoa do senhor José de Serpa e Melo Pereira Brandão, professor do Instituto Nacional de Educação Física, cuja tese — única em Portugal — foi sobre REMO. Aqui permaneceu dois meses, «sem honorários e com deslocação e estadia pagos pelo Clube Naval», iniciando o seu Curso em 12/8/1944 e terminando‑o em 12/ /10 /1944. O Relatório que apresentou é um documento de extraordinário valor técnico e organizativo, o que demonstra bem a sua formação, bem como a forma responsável como se propôs desempenhar a incumbência para que fora convidado. É também um documento de alto valor histórico, pois contém elementos que nos permitem saber do material e das instalações de que dispunha o Clube Naval. Na impossibilidade de descer a pormenores refiro apenas que os meios materiais existentes nesse ano eram os seguintes: 2 barcos tipo Yole de mar de “4”; 1 guiga de banco fixo de “4”; uma jangada de “2” e respetivas palancas. A sede «era suficientemente arrumada e higiénica com três balneários e vestiários completos e um gabinete médico, rudimentarmente apetrechado». E o relatório concluía «uma doca para treinos de 1 200 metros, bastantes sócios inscritos, mas poucos interessados e algumas boas vontades». O método de ensino era o de STEVE FAIRBAIRN, praticado no Clube de Remo da Universidade inglesa de Cambridge, cujo livro foi traduzido gratuitamente pelo grande amigo do Clube, Sr. Alcino de Morais.

Os 10 monitores/treinadores formados pelo professor José de Serpa Brandão, foram os seguintes, cujos nomes seguem por ordem de classificação por ele atribuída: Armando Rocha, Horácio da Silveira, António Gusmão Lopes da Silva, Aires Machado Filipe, Manuel António Vasconcelos Jr., Cristiano Férin, os alferes Carvalho e Osório (continentais), Floriberto Rodrigues e Victor Duarte de Medeiros.

«O Sr. Alfredo da Câmara era Comodoro do Clube Naval (…) e o General Oscar Carmona, antigo Presidente da República, era Comodoro Honorário. Nós sabíamos que o General ia passar de automóvel perto das instalações do Clube Naval e a nossa equipa de remo fez um tapete, em frente do Clube, com o galhardete do Clube Naval em farelo colorido. Ele obrigou a parar a viatura, cumprimentámo-nos e então foi-lhe oferecido o diploma com o título de Comodoro Honorário.»

Armando Rocha

António Rodrigues de Gusmão Lopes da Silva, Armando Rocha, Horácio da Silveira, Manuel António Vasconcelos Jr. e Floriberto Ferreira Rodrigues eram, entre muitos dos inscritos, os que maior número de presenças assinalaram, confirmando, pelos anos seguintes o entusiasmo e a dedicação com que sempre acompanharam as manifestações e a vida desportiva do Clube Naval.

O médico, Dr. Hermano Silveira de Medeiros e Câmara, acompanhava clinicamente os desportistas remadores. Foi aqui o começo, pode dizer‑se, dos CENTROS DE MEDICINA DESPORTIVA.

Em 1941 uma tripulação de remo estava apta a entrar em competições nacionais (se houvessem subsídios), composta pelo Eng.º João José de Medeiros, Armando Rocha, Gaudino Rodrigues e Adolfo Sá Vieira. Realizavam treinos de verão e de inverno, a partir das sete horas e trinta minutos da manhã — três vezes por semana — mas de modo a que às nove horas cada um estivesse no emprego… Faziam a milha, até aos “Fornos” existentes na antiga moagem micaelense!

A época da vela surgiu com maior aperfeiçoamento na Direção do Comandante Ferreira de Oliveira. Este oficial da Armada esteve em Ponta Delgada no tempo do Comando da Defesa Marítima dos Açores, onde exercia as funções de Ajudante do Comandante Penteado, entre 1942 a 1945, vindo posteriormente para S. Miguel como Capitão do Porto, de 1952 a 1954. Foi ele que incrementou a classe nacional dos center‑board do tipo “Vouga”, já anteriormente sugerida pelo Comandante Barahona e Costa. Ficou sendo um grande amante do Clube e deixou saudades e muitos amigos que admiravam nele os relevantes serviços prestados, excedendo em muito a sua colaboração técnica e o auxílio material em tintas, cabos, ferragens e peças de poleame, que, por seu empenhamento, obtinha dos comandantes dos navios da Armada que nos visitavam. Por tudo isto, e pela simplicidade do seu trato, foi nomeado Sócio de Mérito em Assembleia Geral de 4 de Julho de 1945.

O Eng.º Abel Coutinho operava na sombra, mas apoiou a construção de mais barcos, com a ajuda do hábil calafate Mestre José Soares, em serviço na Junta Autónoma dos Portos, coadjuvado por António Augusto e José Salgadinho. Este último manteve durante anos e com inexcedível dedicação a reparação dos barcos, de modo a torná‑los operacionais para as competições de vela.

O Clube Naval completou 40 anos de fundação em 1941 e a imprensa local fez eco das atividades que havia desenvolvido no decorrer desta sua já longa vida, «sendo considerada uma das nossas mais progressivas e úteis organizações desportivas locais», pois «com espírito de abnegação e amor pela cultura física desenvolvera sempre uma atividade prestante e a todos os títulos digna de elogio». O Jornal “Correio dos Açores”, registava mesmo que o Clube «graças à competente e criteriosa orientação dos seus dirigentes atravessava um novo período de ressurgimento e a sua atual situação aparecia consolidada por forma auspiciosa e como garantia absoluta da sua futura atuação».

Assim, o Relatório e Contas apresentado pela Direção «inferia da vida do Clube, das suas diversas secções desportivas, focando‑se de um modo geral toda a atividade da sua Direção na gerência entre 24 de Fevereiro de 1940 a 19 de Fevereiro de 1941, nas suas relações externas, na organização das suas festas náuticas, no seu movimento interno e associativo, apreciando‑se a sua situação económica e financeira». A Assembleia Geral realizou‑se no Salão dos Bombeiros Voluntários e foi presidida pelo Dr. José de Oliveira San‑Bento, secretariado pelos Srs. José de Ataíde Marques Moreira e Leo Weitzembaur.

«O Vouga era um barco de características estupendas, seguríssimo com mar agitado ou vento forte; se havia mais uma rajada de vento, a gente folgava um bocadinho a vela e ele adriçava-se logo. O primeiro a cá chegar veio pela mão do Comandante Ferreira de Oliveira e foi oferecido pelo CNOCA – Clube Naval dos Oficiais e Cadetes da Armada. E depois construíram-se, pela mão do Engº Abel Coutinho, 4 Vougas: o “Castor””, o “Pollux”, o “Antares” e o “Deneb”.»

Armando Rocha

O Relatório foi aprovado por unanimidade, terminando com os seguintes votos de agradecimento: «a) à Comissão Executiva da Junta Autónoma do Porto Artificial de Ponta Delgada, pelas atenções de que lhe somos credores; b) à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada pela cedência da sua sala, sempre que dela tivemos necessidade; c) aos Exmos. Srs. Abel Férin Coutinho, Vasco Bensaúde, Albano Pereira da Ponte, Jaime Ferreira da Gama, Roberto Arruda, Gustavo Builer, Hleiarich Bastert, Joaquim Maria Cabral, Manuel António de Vasconcelos, Wadington Espínola de França, Miguel Dinarte da Silva Soares e José Paulo Ferreira pelas deferências tidas para com o nosso Clube; d) à Imprensa local e ao Jornal “Os Sports” pela valiosa colaboração que nos foi prestada; e) ao nosso prezado consócio Sr. Dr. Álvaro Pais de Ataíde, por amavelmente ter desempenhado as funções de médico do Clube; f) aos Chefes das Secções e instrutores pelo muito que se esforçaram por bem servir o clube; g) a todos os nossos associados que nos coadjuvaram na preparação e tomaram parte no nosso festival; h) aos funcionários do Clube que bem desempenharam as suas funções; i) à Comissão Revisora de Contas pela colaboração prestada».

Em seguida o Sr. Dr. Oliveira San‑Bento fez o elogio da direção cessante, pondo em relevo os importantes serviços prestados ao desenvolvimento do desporto náutico nesta cidade e terminando por pedir um voto de louvor e de agradecimento pelos seus esforços, voto que a Assembleia, de pé, sancionou com uma prolongada salva de palmas. A eleição dos novos corpos gerentes, recaiu nas seguintes pessoas: Assembleia Geral – Presidente, Nicolau Maria Raposo d’Amaral; Vice Presidente, Dr. Jacinto Agostinho Pedro Nunes; Secretários, Manuel Raposo de Medeiros Jr. e Hermínio R. da Silveira Carvalho. Direção  –  Presidente, Comandante Barahona e Costa; Vice Presidente, Dr. Álvaro Pais de Ataíde; Secretários, Armando Martins Breyner e Ricardo Mont’Alverne de Sequeira; Tesoureiro, José da Silva Alves; Vogais, Eng.º­ Fernando Marques Moreira e José Marques Moreira; Vogais Suplentes, Tenente Carlos Pais de Ataíde e António de Medeiros Frazão Júnior. Comissão Revisora de Contas – Presidente, Alfredo Sebastião Spínola; Secretário, José Alves Sequeira; Relator, Artur Frederico Silva; Suplentes, Jaime Cristiano de Sousa e José Carlos Alves.

A visita presidencial efetuada aos Açores em 1941 pelo Presidente da República, General António Oscar de Fragoso Carmona, foi motivo para que o Clube Naval se abrisse a novas manifestações coletivas, participando nos festejos em sua honra e organizando um vistoso cortejo marítimo que escoltou o ‘”Carvalho de Araújo” (arvorado em navio presidencial) até à sua entrada no porto de Ponta Delgada, bem como outras manifestações desportivas integradas nas festas que tiveram lugar nesta cidade. Os “Yoles” “Vega” e “Altair”, em Escolta de Honra, acompanharam a lancha presidencial até ao cais, o mesmo acontecendo ate ao embarque. As referidas embarcações foram tripuladas pelos consócios: “Altair” – Armando Rocha, Adolfo Sá Vieira, António Dias Machado, Gaudino Rodrigues, sendo timoneiro Victor Duarte de Medeiros; “Vega” – Aires Carreiro, Horácio da Silveira, António de Sousa Amorim, Humberto de Medeiros Silva, sendo timoneiro Hermano da Silveira Botelho. Ao abrigo do nº 1 do artigo 42º dos Estatutos foi entregue ao General Carmona o Diploma de Comodoro Honorário. E, no momento em que o Chefe de Estado, visitava as obras do Molhe Salazar, passou em frente das instalações do Clube Naval no dia 29 de Julho de 1941, engalanadas e com um artístico tapete de farelo colorido representando o galhardete do Clube Naval.

As sucessivas direções do Clube Naval tentaram sempre imprimir à vida desta agremiação desportiva um conjunto de iniciativas, fora mesmo da atividade de mar, que pudesse congregar durante todo o ano o convívio social dos sócios e simpatizantes.

Neste contexto, em 1941, levanta‑se a hipótese do estabelecimento duma escola de patinagem, cuja iniciativa partiu do diretor do Posto Náutico, o industrial Mário dos Reis Rodrigues, que propôs à Direção o funcionamento dessa Escola no Posto, sem encargos para o Clube, com a permissão de ser frequentada por sócios e não sócios durante os meses de Setembro a Novembro (de 1941), inclusive. Posteriormente a Direção recebeu daquele consócio a oferta da receita obtida no primeiro mês, e o alvitre de se criar adentro do Clube esta modalidade desportiva. «O entusiasmo pela patinagem foi deveras surpreendente e nunca o Posto Náutico registou uma tão elevada frequência como durante aquele período».

Mães e pais acompanhavam as filhas e muitas senhoras se entretinham a fazer tricot. No final de cada sessão, voluntariamente, deixavam ao Clube uma pequena lembrança em dinheiro, que no final de cada mês era entregue ao Clube. A Direção reconhecia que a pavimentação do Posto não tinha de modo algum condições para aquele desporto; por isso, e por que havia necessidade de arrumar as embarcações no Posto Náutico, suspendeu‑se a patinagem por tempo indeterminado, até que novas Direções promovessem diligências para a construção dum ring próximo das instalações do Clube. Efetivamente na ata nº 1 de 2 de Março de 1944 dá‑se a conhecer que há um projeto já completo de Piscina e ring de patinagem, encontrando‑se em poder do Eng.º Ricardo Vaz Pacheco de Castro.

«Depois de 42 houve equipas femininas, que treinavam, que se apresentaram em festivais náuticos…»

Armando Rocha

Os Festivais Náuticos continuam a ser a grande aposta so­cial e desportiva do Clube Naval, nomeadamente sempre que decorria a época balnear, nos meses de verão. O Jornal “Correio dos Açores” deu conta em fins de Outubro de 1941 da realização dum grande festival náutico. O recinto destinado à assistência «encontrava‑se muito decorado, oferecendo um lindo aspeto». O primeiro número deste Festival foi constituído por uma corrida de “yoles”, com percurso de 1.000 metros, entre uma equipa do Exército e outra do Clube Naval, vencendo esta, constituída por Adolfo Sá Vieira, Armando Reis Sousa Rocha, Gaudino Rodrigues e João José Soares, tendo como timoneiro Victor Duarte de Medeiros. Foi atribuída à equipa vencedora a Taça Regimento de Infantaria nº 18. Seguiu‑se uma corrida de barris, que a assistência presenciou com entusiasmo entre o Clube Naval e a Marinha de Guerra, vencendo a nossa equipa, a qual era constituída por António de Albuquerque Jácome Correia, Armando Goyanes Machado e Luís Rebelo. Houve ainda uma corrida de natação com o percurso de 150 metros de “estilo livre”, tomando parte na mesma elementos do Clube Naval, da Marinha e do Exército, tendo vencido Hermano Botelho, do nosso Clube.

«O Engº Abel Coutinho trouxe um desenho de um barco maravilhoso de vela que ainda hoje tem as linhas mais bonitas de todos os de 3 ou 4 tripulantes: o Vouga. O Engº tinha um calafate da Junta Autónoma (…), os desenhos, o Engº andava de roda dele, e fez o primeiro. Creio que conseguimos fazer 3 ou 4 Vougas e lembro-  -me do nome de um, era o Bellatrix.»

Aurélio César

 

O Jornal acrescenta que «a corrida de baleeiros fora talvez o melhor número do festival e que a assistência seguira com muito interesse e entusiasmo». A prova «fora desde o começo muito renhida entre as duas equipas, cujos concorrentes se mostraram sempre bastante entusiasmados, vencendo a do Exército».

A prova de estafetas 5 x 25 e a que concorreram 3 equipas, vencera a do Clube Naval, constituída por Hugo Moreira, Luís Rebelo, Hermano Botelho, António Albuquerque Jácome Correia e Armando Goyanes Machado.

O festival terminou «com uma engraçada corrida aos patos, entre equipas do Clube Naval e da Marinha». Apanharam os patos Luís Rebelo e Hermano Mota, do Clube Naval.

Abrilhantou este interessante festival a Banda Militar, por especial deferência do Sr. Comandante Militar dos Açores.

A distribuição dos prémios aos vencedores fez‑se durante uma festa, seguida de baile na sede do Clube Naval, presidida pelo Governador do Distrito e com a presença das mais altas autoridades civis e militares locais. A festa, que principiou pelas 21 horas, «foi acompanhada de alguns números de música e coros por elementos de uma unidade militar aquartelada em Ponta Delgada».

Em 4 de Outubro de 1946 um grande ciclone varreu toda a ilha de S. Miguel, trazendo o luto e a dor a muitas famílias de pescadores e grande desertificação ao nosso porto, desmantelando mesmo embarcações de pesca e de recreio, que ali se encontravam ancoradas. O Clube Naval foi duramente atingido por esse flagelo, «começando um período crucial da sua vida», conforme é assinalado em Relatório da Direcção para a Capitania do Porto. Assim, perdeu‑se material no montante de 60.000$00, sendo solicitada a ajuda da Delegação da Direcção Geral dos Desportos, no sentido de se obter um subsídio que cobrisse todos os prejuízos, interessando‑se também pelo mesmo assunto junto do comandante Newton da Fonseca, então capitão do Porto de Ponta Delgada. Nenhuma destas iniciativas teve o acolhimento que era de desejar, sob o pretexto de que «o Clube não era filiado na Federação Portuguesa de Vela».

A aflitiva situação circunscrevia‑se a 3 áreas: destroçamento do material, cessação de auxílios externos e deserção da massa associativa, que deixava de encontrar no Clube as respostas aos seus anseios…

Em 1949 a professora de Educação Física Marieta Serpa, directora do Colégio de Santa Ana, estabelece o primeiro protocolo com o Clube para uma equipa feminina de remos, seguindo‑se novas adesões à iniciativa.

Para além das filhas do comandante Ferreira de Oliveira, tiraram carta de vela Leonor e Maria Eduarda Cunha.

Parece que os primeiros projectos para a construção dum novo Clube Naval remontam ao ano de 1944, pois regista‑se na acta de 24 de Maio desse ano que o Presidente da Direcção, Comandante Henrique da Costa Pessoa, se avistara com o Eng.º Viriato Canas e o Arquitecto João de Aguiar sobre o projecto da construção da Avenida Marginal, «tendo obtido a promessa de ser possível reservar para o Clube Naval espaço para a construção das novas instalações, tendo, em princípio, ficado assente o seguinte: considerar no espaço em perspectiva um bar, gabinete da Direcção, sala para sócios, vestiários para homens e senhoras, tanque para instrução de natação e remo e armazém para embarcações».

A Direção considerou satisfatória a solução em perspetiva, e contava com o empenhamento e influência do Eng.º Abel Coutinho na qualidade de Engenheiro‑Diretor da Junta Autónoma dos Portos, a quem seria confiada a execução do projeto da Avenida Marginal, logo que este fosse aprovado pelo Governo.