26 de agosto de 1972- I Semana Açoriana de Vela
agosto de 1973- II Semana açoriana de Vela
julho de 1974- primeira participação do Clube Naval de Ponta Delgada no Campeonato Nacional de Vaurien, com os campeões regionais Alberto Pacheco/ Duarte Toste
Junho de 1975- Primeira Azab
1976- Regata Bretanha/Açores
Junho de 1979- Azab
1980- começa a modalidade de windsurf
abril de 1980 – Campeonato Regional da Classe Vaurien
Junho de 1980- Rui e Luís Couto Sousa participam no VIII Campeonato do Mundo de Juniores da Classe Vaurien, na Figueira da Foz
Em Julho de 1972, de novo são abertas inscrições para frequência na Escola de Natação, dirigida pelo Prof. Carlos Manuel Monteiro e, também, dum curso de vela para principiantes e marinheiros.
Em 26 de Agosto desse ano principia, nesta cidade, a 1ª Semana Açoriana de Vela, iniciativa do Clube Naval de Ponta Delgada, que conta com a participação de três velejadores terceirenses. Não foi possível a deslocação de velejadores faialenses. Os representantes do Clube Náutico de Angra do Heroísmo são os Srs. José Armando Soares, Fernando Alberto Rocha Borges e Paulo Jorge Borges da Silva Amorim que, nos últimos dias, realizaram treinos na bacia da doca de Ponta Delgada.
«Havia na altura uma pessoa que ganhava as regatas todas desta terra: o Fernando Machado, que entrava com o filho. Houve um dia em que o Fernando Machado nos levou para cima da muralha da doca e começou a ensinar como é que realmente se faziam as regatas. E a partir desse dia o Fernando Machado começou a perder. E começou a perder na regata mais importante, que foi uma ideia do Viana e do Sr. Jorge Raposo: a Semana Açoriana de Vela.»
Alberto Pacheco
Simultaneamente com a 1ª Semana Açoriana de Vela, realizam‑se regatas entre jovens alunos da escola de vela do Clube Naval de Ponta Delgada, em embarcações das classes “Optimist” e “Monotipo”. As regatas têm início às 14:30h, indicando‑se a seguir as classes e nomes dos barcos, assim como as respetivas tripulações.
Regata na classe Vouga: “Amares”, Luís Nuno Viveiros e Pedro San‑Bento, Ponta Delgada; “Bellatrix”, Paula Marques Paz e Margarida Vaz do Rego, Ponta Delgada; “Pollux”, Fernando Borges e Paulo Amorim, Angra do Heroísmo. Taça para o 1º classificado e medalhas para o segundo classificado.
Regata na classe Vaurien: “Cancer” (vermelho), José Armando Soares e Aristides Picanço, Angra do Heroísmo; “Taurus” (azul), Luís Mota Vieira e Pedro Miguel Borges, Ponta Delgada; “Sirius” (branco), Alberto Pacheco e Duarte Toste, Ponta Delgada; “Scorpius” (verde), Fernando Manuel e Fernando da Silva Machado, Ponta Delgada. Taça “Flórida” para o 1º classificado e medalhas para o 2º classificado.
Regata na classe Associação Naval de Lisboa: “Ana”, Paulo Fites Silveira; “Clube”, Mário Serpa. Medalha prateada para o 1º classificado e medalha de cobre para o 2º classificado.
Regata na classe “Optimist”: “Mikey” (azul), Helena Machado; “Pluto”, António Luís Gouveia; “Zé Carioca” (vermelho), José San‑Bento; “Pato Donald” (vermelho), Ricardo Pavão; “Pateta”, (branco), Carlos Cabral. Medalha prateada para o 1º classificado e medalha de cobre para o 2º classificado.
«Em 72 o Clube Náutico de Angra aderiu ao projeto Vaurien, que tinha sido lançado pelo Fernando Machado em 69, e fomos à Terceira, a uma prova de inauguração dos barcos, que foi a primeira vez que o Clube Naval se deslocou fora da ilha para uma prova regional de vela: eu, o Luís Nuno, o Rui San-Bento, o Otávio Couto Sousa… e a partir daí a classe Vaurien pegou e a competição para os primeiros lugares tornou-se bastante forte.»
Alberto Pacheco
Prosseguem, entretanto Festivais Náuticos de encerramento da temporada.
Em Agosto de 1973 nova Escola de Natação é aberta no Clube, então dirigida pelo Prof. Fidalgo de Freitas, das Piscinas Municipais de Coimbra, e que mais tarde se havia de licenciar em medicina psiquiátrica.
«Em 72 o Clube Naval foi convidado a participar na Semana da Juventude. Foram atletas do remo, da natação, do mergulho e do judo representar o Clube na primeira – e isto é importante! – vez em que o Clube veio para o exterior com várias secções em simultâneo.»
Duarte Toste
António Viana, a quem foi reconhecido o título de “Comodoro” (um carola que considero de todos os dias do Clube Naval) e que acompanhou a par e passo as últimas épocas e que viveu mais intensamente outras, sempre que era chamado a participar nos seus corpos diretivos, afirma mesmo que «o Clube Naval foi uma escola de reconhecido mérito, pois sem menosprezar outros desportos, são os náuticos aqueles que põem os praticantes num contacto direto homem/natureza, onde não é possível a deslealdade, onde os erros se pagam caros, pelo que todas as atividades desenvolvidas constituem uma escola de virtudes, cimentando‑se amizades que se selam para toda a vida».
«O Clube Naval é a minha primeira casa, não a segunda… porque desde miúdo que me lembro de andar aqui com o meu pai, desde os 4 anos…»
Marco Sousa
Nas décadas 50/80 muitos foram aqueles que igualmente se dedicaram à sobrevivência do Clube, nomeadamente às secções de remo e vela, desenvolvendo inexcedível trabalho quer nos campos técnicos quer sociais, nomeadamente no que se referiu à introdução das classes de Vaurien e Optimist, por serem aquelas que ainda nos nossos dias tão longe têm levado o nome dos Açores, dignificando, por isso, os desportos náuticos desta Região.
No remo há que recordar ainda Liberto Pacheco Mendonça e Silvestre Rodrigues, este ainda praticante há bem pouco tempo, sempre pronto a insuflar aos mais novos o gosto por esta prática, mesmo perante a dificuldade de por os velhos Yolles a operar.
Os Festivais Náuticos foram sempre as notas dominantes da atividade do Clube Naval, não só no aspeto desportivo, mas mesmo social e até pedagógico.
A este propósito Armando Rocha sublinhou‑me que havia mesmo a preocupação de esclarecer o público, quanto aos programas e até técnicas utilizadas no remo, sendo por vezes esse mesmo público o primeiro júri a funcionar no apuramento dos concorrentes!…
Registo também a participação do nosso Clube nas Comemorações do Dia da Marinha, bem como o acolhimento que sempre recebemos por parte da Capitania e do Comando Naval dos Açores, proporcionando passeios nos vasos de guerra estacionados no nosso porto e, igualmente, oferecendo trofeus para galardoar os premiados nas diferentes provas de remo, vela e natação.
Os irmãos Schanderl distinguiram‑se sobremaneira na natação, imprimindo aos festivais, médias de competição muito próximas dos recordes mundiais, isto mesmo sem piscinas aquecidas, ou outras infraestruturas que não fossem o velho Cais da Sardinha ou, mais tarde, a rampa da Aviação Naval.
«Posso garantir que a Semana do Mar nasceu também das Semanas Açorianas de Vela, porque os clubes tinham combinado haver rotatividade nas semanas de vela.»
Alberto Pacheco
Neste campo uma especial menção de muita saudade é devida para com a memória do Dr. Bulhão Pato pela forma altamente prestigiante e competitiva com que desenvolveu este desporto na ilha do Clube, atraindo a atenção de tantos sócios e familiares, nomeadamente nas tardes de Verão e no início do Outono.
«A Azab… bem, na altura havia no Clube um funcionário da Delegação de Turismo que fazia a receção aos iatistas estrangeiros, acompanhava-os, etc. Depois, em 71 ou 72, eu o Toste começámos a fazer isso de borla (…) e houve uma regata transatlântica da OSTAR que passou aqui e em dada altura houve um inglês que contactou o Turismo para se fazer uma regata para os Açores, porque era menos tempo e mais barato do que uma transatlântica. Quando se falou de vir a Azab, toda a gente, mas toda a gente, se mobilizou para pôr a sede em condições, pintar, colocar tacos no chão, limpar…»
Alberto Pacheco
Nos princípios de 1975, o Clube Naval de Ponta Delgada é contactado no sentido de prestar apoio logístico à regata Falmouth/Ponta Delgada/Falmouth, também conhecida por AZAB 75, abrindo-se-lhe assim novas perspetivas a nível internacional, na medida em que, para além dos velejadores que iria receber, bem como de muitos dos seus familiares, a ilha de S. Miguel passaria a fazer parte de novas rotas mundiais. Este anúncio foi igualmente motivo para um novo despertar na vida do Clube Naval, uma vez que todos se aprestaram a arranjar a casa para receber tão arrojados hóspedes. E foi bom ver a azáfama dos corpos sociais e dos próprios sócios, sobretudo dos jovens, sempre prontos para contactar velejadores de real gabarito, bem como disponibilizarem esforços para conseguir, para o Clube, novos e rasgados horizontes.
«A primeira Azab, foi um sucesso, tanto barco, tanta gente!»
Aurélio César
Assim, 56 iates partiram na manhã de 8 de Junho do porto inglês de Falmouth rumo a Ponta Delgada que, pela primeira vez, iria receber uma regata de projeção internacional. O primeiro iate chegou a Ponta Delgada pelas 13h dum sábado, dia 14; era o trimaran “Three Legs of Man”, tripulado pelo velejador N. Keig, de nacionalidade inglesa. O percurso foi feito em 7 dias, o que demonstrava uma excelente média de singradura, admissível não só pelas condições de mar e vento, mas ainda pelas características especiais da embarcação. No dia 19, 22 concorrentes tinham já aportado a Ponta Delgada, ficando penalizados quase todos os outros devido «ao vento que tombou, chegando à calma podre.» Esse primeiro barco que chegou tinha a bordo dois pombos correio que nele pousaram ao longo da costa francesa e que aproveitaram a boleia até aos Açores, mantendo sempre o barco como sua base! A chegada de todos os iates e de numerosos familiares dos velejadores animou a cidade, sobretudo o Molhe e imediações do Clube Naval, e a bacia da doca apresentava um ar de festa, muito colorido com o drapejar de dezenas de bandeiras. Às 24h do dia 20 de Junho foi suspenso o controlo, contando-se com 46 iates e apenas 3 em falta.
«A primeira Azab, por acaso eu estava na direção do Clube, apanhou o período pós 25 de Abril, houve muitas hesitações, faz-se, não se faz, há dinheiro, não há dinheiro, mas fez-se e correu muito bem. A princípio eram só solitários, depois evoluiu e tenho a impressão que, neste momento, deve ser a prova de iatismo internacional mais antiga nos Açores. Foi preciso fazer adaptações na sede e toda a remodelação foi feita pela direção e pelos sócios, pelo pessoal que “vivia” no Clube, porque não havia dinheiro para pagar mestres.»
António Viana
O Clube Naval, apoiado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada e pela Junta Geral de Distrito, desdobrou-se em convívios e festas sociais, bem como em passeios às Sete Cidades e Furnas, o que se traduziu numa grande jornada de confraternização. Nessa altura, e para prestar o devido apoio logístico, o Clube Naval inaugurou uma atraente sala de convívio. A cerimónia de largada, na manhã de 16, foi um espetáculo pouco comum na nossa cidade, presenciado por milhares de pessoas que se dispuseram ao longo da avenida litoral. Ponta Delgada começava a virar-se para o mar… A maioria das embarcações optou por sair pela Ponta da Ferraria e apenas 3 optaram pela Ponta do Arnel. Por períodos de 4 em 4 anos, esta regata internacional voltou a contar com Ponta Delgada como seu ponto de chegada, e de partida no regresso, proeza náutica que se manteve até 1999.
A instalação dos Órgãos de Governo próprio da região, sobretudo da Secretaria Regional da Educação e Cultura, trouxe ao Clube Naval, principalmente a partir de 1980, um dos mais decisivos momentos da sua sobrevivência, mercê dos subsídios que nos concederam, o que permitiu escalonar, com a devida segurança, os nossos planos de atividade, nos quais incluímos a renovação da frota, a participação em regatas de nível regional, nacional e internacional, e ainda a manutenção de diversas escolas de formação das diferentes modalidades praticadas, sem esquecer o recinto de banhos e a secção de escafandria e de mergulho amador. Os jovens passaram a descortinar novos e promissores horizontes e até a devida compensação pelo esforço despendido. A política social do Clube teve, assim, o seu devido enquadramento. Doutra forma, porque tínhamos esgotado a carolice, o Clube teria mesmo encerrado as suas portas…
Assim, no início da década de 80, as atividades do Clube Naval, compreenderam manifestações desportivas e sociais, realizadas interna e externamente, apostando‑se mesmo para competições de nível mundial.
Já em Abril dá‑se conta da realização em Ponta Delgada dum Campeonato Regional da Classe Vaurien, com vista ao apuramento para o Campeonato do Mundo, com representações da Horta, Angra do Heroísmo e Praia da Vitória.
Num desejo de atualização da frota disponível, foi ainda discutida a futura aquisição de barcos de outras classes, nomeadamente a 470 Olímpica, por ser aquela mais suscetível de competir em alternativa ao Vaurien. É ainda analisada a situação económica dos Optimists, então em construção no Clube Naval.
O recinto de banhos continua a estar na ordem do dia, sugerindo‑se, de novo, a sua transferência para o Cais da Sardinha, velho sonho, onde sempre se aventou a possibilidade da construção da nova sede…
Solicitou‑se, igualmente, à Direção Regional dos Desportos, perante os apuramentos conseguidos, que duas equipas pudessem participar no Campeonato Nacional de Vaurien e à Junta Autónoma dos Portos a possibilidade da vedação do recinto de banhos ser em blocos.
Abriram‑se cursos para mergulho amador e estabeleceu-se a prática do Windsurf, uma nova modalidade, então em franca expansão.
«Nós começámos a ir para o mar com o meu pai em Vila Franca, estava na primeira classe, e tivemos assim a nossa iniciação ao mar. (…) Quando vínhamos a Ponta Delgada, víamos aqueles barcos pequenos, tão giros, a navegar na doca, que eram os optimists. Quando viemos viver para a cidade, fomos para a escola de vela do Clube Naval, em 73.»
Zim Garoupa
«Vim para o Clube com 10 anos, em 71, e comecei na vela com o Alberto, o Carlos Pavão, o Luís Nuno. (…) A primeira aventura foi em Vila Franca, tinha eu cerca de 7 anos, e comecei a ir para o ilhéu a remo naquilo que chamavam uma gaveta, só que não era uma gaveta, era um caixotinho calafetado… e a partir daí começaram as aventuras no mar.»
João Garoupa
«A gente naquela altura fazia de tudo. Hoje em dia é um bocadinho diferente. Comecei a fazer remo com o Sr. Silvestre e com o Viana. Treinávamos assiduamente nas férias e nos fins-de-semana; o Engº Cavaco vinha cá muitas vezes e começámos a remar com ele também… e no volley! (…) Havia aí um capitão do exército, o Capitão Vítor Domingues, que era campeão nacional e que remava com o Teixeira da Silva da Marinha, e fez-se uma regata de despedida ao Vítor Domingues. Ganhámos com uma diferença tão grande que, quando os outros chegaram, já estávamos no duche!»
Alberto Pacheco
«O Eng.º Augusto Cavaco foi um grande impulsionador do remo junto da malta nova do Clube. Mais, e porque podia, ele pagava as despesas… o barco, os almoços, os fatos de treino e até arranjou sponsors. O remo também deve muito a alguns oficiais dos patrulhas da Marinha de Guerra Portuguesa: faziam manutenção do material, remavam muito, tinham uma grande preparação física… por exemplo, um deles, Paulo Tavares da Silva, era campeão nacional. Em Outubro de 72 fez-se a prova dos 5 mil metros.»
Duarte Toste
«A partir de 1978, quando começou a haver uma maior organização a nível regional da classe Vau
rien, e para se poder aceder aos campeonatos nacionais, começou-se a fazer muitas provas de vela, tanto de Verão como de Inverno. Eu e o Zetó Mendonça, em 79, participamos no nacional de Vaurien na Póvoa do Varzim.»
Zim Garoupa
«A primeira vez que uma equipa de vela foi representar o Clube no continente foi no Campeonato Nacional de Vaurien, em 74. Foi a equipa que tinha vencido mais provas, eu e o Alberto.»
Duarte Toste
«Em 74 foi uma equipa da Terceira e eu e o Toste por São Miguel ao campeonato nacional de Vaurien. Foi uma experiência interessantíssima porque aprendemos muito sobre o Vaurien. Nós entramos com um barco emprestado pela firma A. Pereira Jordão e com velas do Roquete, Presidente da FPV. Não ficamos em último e isso para nós foi uma coroa de glória!»
Alberto Pacheco
«Em 80 comecei a dar aulas de vela para a escola da Delegação dos Desportos, que funcionava num barracão ao lado do Clube, mas independente; era coordenador o Sr. Luís Melo.»
Zim Garoupa
«Há um cavalheiro a quem o Clube Naval custou centenas de contos, não pela moeda de agora, pela moeda antiga: o Engº Augusto Cavaco.»
Aurélio César