1982- Medalha do Município concedida pela Câmara Municipal de Ponta Delgada
Março de 1982- regata da Spice Race Foundation
18 de fevereiro 1983- alteração do Estatuto
junho de 1983- Azab
junho de 1987- Azab
Em 18 de Fevereiro de 1983 reuniu a Assembleia Geral, sob a presidência de João Gago da Câmara, para votar alterações ao Estatuto do Clube, sobretudo para se conseguir uma linguagem mais atualizada das suas diferentes secções, bem como a renovação «do espírito cívico e cooperativo entre os sócios».
Instituiu‑se o Conselho de Disciplina, de modo a «analisar‑se casos de disciplina propostos pela direção ou outros que fossem apresentados por qualquer sócio, no gozo pleno dos seus direitos».
Por outro lado, atualizaram-se as diferentes secções do Clube, que passam a compreender: a natação; o remo e a canoagem; a vela; a prancha à vela; o iatismo e apoio a estrangeiros; as atividades subaquáticas; a técnica; a motor; e outros a criar pela Assembleia Geral. A Direção apostava ainda na criação dum núcleo de Ação Social de modo a concorrer para o desenvolvimento entre os sócios do espírito cooperativo, proposta que foi rejeitada por maioria da Assembleia Geral.
«Um dia, apareceu aí um navegador francês, que vinha muito cá, o Lemoing, e convidou-me para ir com ele ao Faial. Esta foi a minha primeira viagem de iate, para fora da ilha. Aliás, este senhor e os filhos, Pierre e Gildas, estiveram muitas vezes ligados ao Clube Naval.»
Zim Garoupa
Em 1984, a firma A. Cavaco ofereceu ao Clube um barco modelo 470, ao qual foi dado o nome do Eng.º Augusto Cavaco, como homenagem póstuma a um consócio que tantos benefícios havia concedido ao Clube Naval em anos e anos sucessivos.
Foi igualmente votado em Assembleia Geral que o sócio mais antigo do Clube Naval, Sr. Manuel Raposo de Medeiros, fosse reconhecido como sócio honorário.
Já nessa Assembleia de 8 de Abril o respectivo presidente João Gago da Câmara dá a conhecer que «se esperava a construção dum espigão para protecção da Avenida Litoral, onde o Clube Naval ficaria a dispor dum local para a sua instalação definitiva».
Nos últimos anos, as actividades subaquáticas foram outra grande iniciativa posta ao serviço do Clube Naval de Ponta Delgada, apoiando a nível dos Açores todas as operações no seu sector, inclusive de cariz académico, nomeadamente universitário. Jorge Prista, seu fundador, foi o grande entusiasta desta secção e sem dúvida que o Clube só se prestigiou ao dar o seu nome àquele Centro, após a sua morte no mar, ao serviço da prospecção dos fundos marinhos e da sua preservação. Por sua iniciativa aqui teve lugar a “I Reunião do Centro de Actividades Subaquáticas” que o Clube Naval apoiou.
O “Mistral”, cuja manutenção foi sempre tão discutida em sucessivas direcções, constituiu a grande guarda avançada destas prospecções, para além de proporcionar passeios ou dias de convívio, quase sempre no ilhéu de Vila Franca do Campo ou até nas Formigas.
«O windsurf começou assim, no início dos anos 80: num dia um iate estrangeiro apareceu com umas pranchas e o Bertinho comprou uma. Mas não sabíamos andar naquilo. Entretanto, no mesmo Verão, apareceu um iate francês que tinha uma prancha de windsurf; estávamos no auge do mergulho e o iatista contactou o clube para lhe fazerem a limpeza do casco. Eu e o Necas fomos e, em troca, andávamos com a prancha. Ou seja, mergulhávamos, almoçávamos com ele e andávamos de prancha! (…) Na altura, era Secretário Regional da Agricultura e Pescas o Engº Ezequiel Moreira da Silva e, uma vez, ele estava no aeroporto com um senhor francês que eu conhecia, o Lemoing; o Engº chamou-me e perguntou se queríamos para o Clube Optimists ou pranchas de windsurf. Optimists já tínhamos e então o Lemoing montou cá uma escola de windsurf, com carrinha, fatos, tudo, e eu e os Garoupas ficámos a tomar conta daquilo e andávamos todos os dias.»
Alberto Pacheco
Jorge Prista defendia tenazmente, e nas mais diversas circunstâncias, os apoios que a secção de escafandria necessitava, não esquecendo nunca de sublinhar o que tal actividade representava para a investigação científica, bem como para o próprio desenvolvimento turístico desta Ilha. Era no fundo um verdadeiro mecenas. E, se muito recebeu de apoios, muito deu do seu próprio bolso e das ajudas que pessoalmente solicitava aos amigos.
«O Jacinto Gil veio falar-me para fazer a contabilidade à noite… conheci várias direcções lá dentro. Estive lá até 80 e tal. Conheci aquelas gerações todas. A gente fez com costaneiras (…) a divisória para o recinto de banhos, umas barraquinhas, depois o bar.»
Aurélio César
Os mais novos, sempre prontos a reclamar das benesses, diziam ser a secção que mais recebia. Decerto que um dia lhe hão de reconhecer que a estratégia e o entusiasmo que punha na escafandria era medida acertada com vista ao futuro da dimensão do Clube, sobretudo agora com as estruturas físicas de que passou a dispor.
No passado distante e no presente, os festivais náuticos e as outras competições alargaram‑se a diversas paragens e o mar deixou de ser para esses desportistas o castigo da distância e do isolamento destas ilhas, para se transformar numa grande estrada de comunicação e de amizade aos mais diferentes níveis.
Em Junho de 1980 os irmãos Rui e Luís Couto Sousa, pela primeira vez na história desportiva deste Clube, estão presentes no VIII Campeonato do Mundo de Júnior da Classe Vaurien, então realizado na Figueira da Foz, depois de terem obtido o quinto lugar no Campeonato Nacional da mesma classe.
Também em 1982, em idêntica competição, Marco Sousa/José Pavão participam em Orbetelo, Itália, no X Campeonato da modalidade, desfraldando pela primeira vez naquelas paragens a bandeira dos Açores, em paralelo com a dos outros países e regiões. Por essa ocasião o Município de Ponta Delgada concedeu ao Clube Naval a Medalha do Município.
A formação das Escolas de Vela foi também um óptimo meio de ligação às actividades do Clube, proporcionando a descoberta de novos atletas, e, por isso, a sobrevivência das actividades desse sector, sem dúvida um dos pontos de vital importância para os desportos do mar.
O apoio ao iatismo nacional e internacional constitui, também, uma das tónicas dominantes do nosso Clube, desde há longos anos. Não obstante a modéstia da nossa sede, nacionais e estrangeiros que nos visitaram foram acolhidos com manifestações de camaradagem e de simpatia, deixando expresso nas suas impressões esta nota de carinho que muito nos honra e tem constituído também um expressivo cartaz de propaganda turística dos Açores e dos desportos náuticos.
«Nos anos 80 começaram cá as regatas de iates. O único que havia era o Cisne do Sr. Jorge Raposo, depois o Carlos Garoupa construiu os seus iates, o João Paim comprou um iate em 83, e começou a competição com um sistema de abonos muito simples. Quando apareceu a Marina as pessoas
começaram a comprar barcos e as coisas desenvolveram-se também com a participação do Manuel Mota e o Paulo Meneses na Azab. Então, o Clube estabeleceu um protocolo com a ANC, que tem uma fórmula de rating para regatas, e em troca o Clube ficou delegado, através de mim, da ANC.»
Alberto Pacheco
A progressiva actualização que, a partir da gerência de que fiz parte, foi dada às nossas instalações, vieram facilitar esse acolhimento aos iatistas, sendo justo referir o apoio que nos foi sempre dado pela Secretaria Regional do Equipamento Social, bem como o acompanhamento às obras efectuadas por parte do Eng.º Joaquim Lopes Arranhado.
A Fundação Spice Race Foundation organizou, a partir de 1982, uma regata internacional para assinalar os 200 anos das relações entre os Estados Unidos e a Holanda. A prova iniciou-se em 17 de Março de 1982, com 17 iates, a que foi dado o nome De Kuyper Cruse, escalonando Ponta Delgada e a Bermuda. O Clube Naval foi solicitado a dar a sua assistência em terra a tão importante regata, tendo chegado a contactar-nos pessoalmente o Presidente, Aray Sals. Solicitei o apoio de António Viana, para me coadjuvar nos actos de acolhimento que iriam decorrer com esta estadia em Ponta Delgada e também do Engº Francisco Arranhado, ambos membros da direcção a que presidia. Foi nessa altura que as velhas instalações foram, de novo, parcialmente remodeladas, sobretudo a sala de convívio, os balneários e os sanitários, então já com o apoio da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais e, também, da Direcção Regional dos Desportos. Registo, com muito aprazimento, o extraordinário apoio também dispensado pelos jovens que frequentavam o Clube, trabalhando sobretudo aos serões, para que a fisionomia do nosso Clube se transformasse em acolhimento, aliás muito reconhecido por todos os visitantes. Todos colaboraram na recepção de despedida aos velejadores, a qual se efectuou na nossa própria sede e, creio mesmo, que o serviço volante que lhe oferecemos foi confeccionado por uma boa parte das nossas jovens. Recordo a satisfação que conjuntamente, com António Viana, experimentámos quando o Presidente da Spice Race Foundation de Roterdão nos contactou para acolher os elementos da Regata e viu de que disponhamos já de espaços convenientes para esse apoio, sem haver necessidade de recorrer às estruturas particulares.
«Além da Azab, a parte que mais me marcou foi todo o desenvolvimento do windsurf no Clube Naval; fui monitor durante alguns anos, na altura bateram-se os recordes de inscrições feitas na modalidade. (…) Competi em várias provas regionais, entre elas a Atlantis Cup com o Wings. (…) Nas provas nacionais de windsurf cheguei a estar em 3º do ranking nacional da classe olímpica.»
Armindo Furtado
E, para quem tem acompanhado este Clube desde a sua fundação, sabe que a existência e a manutenção da sede social foi sempre uma aposta e ao mesmo tempo um desafio; um obstáculo à realização de diversos empreendimentos, bem como à segurança das próprias embarcações.
É justo que, neste capítulo, dediquemos uma palavra de louvor à Junta Autónoma do Porto pelo acolhimento valioso que nos dispensou, bem como na instalação do reclamado recinto de banhos que era anualmente um dos mais valiosos pontos de referência da família do Clube Naval.
Com a passagem do saudoso Eng.º Soares Bordalo pela Junta Autónoma, o plano de aproveitamento da bacia da doca, por ele projectado, incluía as novas instalações para o Clube Naval, com um desafogo de vista que decerto serviu de base ao estudo que a Secretaria Regional das Obras Públicas aprovou para o prolongamento da Avenida Litoral.
Em 1982 empenhámo‑nos junto do então Secretário Regional do Equipamento Social, Eng.º João Bernardo Rodrigues, para uma solução de alternativa, até à conclusão dos estudos definitivos provenientes do prolongamento da Avenida.
E, com acesso pelo Hangar da Marinha foi feito um esboço de aproveitamento do antigo Cais da Sardinha que é pena não tenha tido o seguimento com que foi delineado, enquanto se não realizou o empreendimento das novas instalações.
Para terminar, uma palavra de muito apreço e de estima para com a pessoa do Sr. Aurélio César, a quem me ligam sentimentos de grande afetividade. Foi meu leal colaborador enquanto exerci funções sociais neste Clube. E, pelo que pude auscultar, foi também o timoneiro seguro que impediu que, em tantos momentos difíceis, o Clube Naval encerrasse as suas portas. Trabalhou pelo Clube como se fosse a sua própria casa, sendo por isso inflexível para com aqueles que estavam mais apostados em destruir do que construir. Creio que todos os que estimam esta centenária instituição desportiva lhe devem público reconhecimento pelo seu trabalho e pela sua inexcedível dedicação à causa dos desportos náuticos, mesmo desempenhada através dum trabalho quase sempre confinado a aspetos administrativos.
«Na Azab de 87 ninguém quis colaborar, porque a direcção da altura estava afastada dos desportistas e foi a primeira vez que o Clube teve de contratar pessoal de fora. Foi a única altura em que houve um jornal de parede a mandar bocas, chamava-se “Caça a Escota”.»
Alberto Pacheco
«Fui a Santa Maria a primeira vez no catamaran com o Paulo Parece, sem assistência, por volta de 1990. Um ano depois fui de caiaque, a partir de Vila Franca, também sem assistência, e levei 14 horas – tinha estimado entre 12 e 16 horas – só com bússola. Fui também à Terceira a remos e levei 35 horas a partir dos Mosteiros, tive assistência a partir de metade do caminho. Foram travessias extremas.»
João Garoupa
«La Boulle/Dakar era uma regata muito interessante mas muito trabalhosa, porque eles não tocavam cá, não podiam perder nem um minuto e tinha que se dar assistência em cima da hora. Recordo-me que eu e o Arnaldo íamos num barco a 27 nós e não conseguíamos acompanhar um trimaran, que também não queria abrandar.»
António Viana